Elas dizem que mentir é feio, que o nariz cresce, que nasce rabo, que a criança enfeia. Veja bem: as mães condenam a mentira com base em outras mentiras.
As mães mentem muito: mentem para os filhos, para os outros e para si mesmas.
Na gestação, a gente mente aquele espírito da beleza da gravidez, enquanto, na verdade, estamos nos sentindo imensas, desconjuntadas e mau humoradas, com vontade de matar o primeiro ser que cruzar nosso caminho. Mas colocamos um sorrisão amarelo no rosto e dizemos que está tudo bem.
E quando o bebê nasce, e começam aquelas visitas, é inevitável soltar um “que bom que você veio” para aquele parente distante, quando tudo o que você queria era ficar sozinha com seu filho, suas olheiras e seu cheiro de leite.
Conforme a criança cresce, as mentiras vão ganhando corpo e cabelos. Tem mentira para educar, para disfarçar. Tem mentira para alegrar e fantasiar também.
Afinal, mentir faz parte da natureza humana. Existem razões morais em que a mentira é tolerada, a fim de se evitar conflitos e garantir nossa boa convivência em grupo. Todo mundo mente, já mentiu ou ainda vai mentir. Mentimos todos os dias, pelas mais diferentes razões.
Da mesma forma como mentimos, ouvimos e acatamos diversas mentiras ao longo do dia. Nossa tolerância aos tipos de mentira é proporcional à má-fé sob a qual ela foi inventada. Uma mentirinha sobre a existência do Papai Noel passa, mas uma mentira sobre o cigarro na mala da escola não dá para ser aliviada.
Mentir pelo bem de uma pessoa é aceitável. Mentir para prejudicar alguém pode ser considerado crime. Se não fosse pelas balelas, as crianças não tomariam remédios, os casamentos não se consumariam nem no altar, não existiria a publicidade, as pessoas seriam inconvenientemente sinceras e, convenhamos, assim o mundo seria muito mais chato.
Mentimos para dizer ao vizinho que “está tudo bem, e você?”, para dizer ao pedinte que não temos um trocado, para o marido com a velha desculpa da dor de cabeça. Mentimos para as amigas ao dizer que emagrecemos sem esforço algum, quando na verdade estamos num regime brabo de 4 meses. Mentimos para os filhos para dizer que acabou.
Ora, mas logo as mães, tão puras e sinceras, donas daquilo que chamamos amor verdadeiro. Logo elas vão sair por aí mentindo?
Mentimos, sim! Pela disciplina, pela fantasia, pelo sensacionalismo.
Mas não é bem mentira. É uma omissão, uma historinha.
Peraí!
Está querendo dizer que sou mentirosa?
Mentirosa é a mãe!
Fonte: www.diiirce.com.br
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